Hospital Hélvio Auto está há três meses sem atender novos pacientes.
Carência sobrecarrega outras unidades de saúde do estado.
Há três meses o Hospital Hélvio Auto, referência em Alagoas no tratamento de doenças infectocontagiosas, está sem atender novos pacientes com HIV. Além disso, a unidade, situada no bairro do Trapiche, em Maceió, tem carência de profissionais para atender a demanda já existente.
Uma pesquisa divulgada pelo Conselho Federal de Medicina revela que o número de médicos em Alagoas está abaixo da média nacional. O índice não chega a dois médicos para cada mil habitantes.
Segundo a diretora-geral do hospital, Luciana Pacheco, a decisão de suspender o atendimento a novos pacientes no Hélvio Alto foi tomada porque o número de médicos é insuficiente. “São somente 11 profissionais que ficam nos ambulatórios, no pronto-atendimento e enfermaria. No caso do tratamento dos pacientes soropositivos, são apenas cinco. O número de médicos não suporta a demanda”, diz.
Luciana afirma que, para tentar resolver o problema, a Universidade Estadual de Ciências da Saúde (Uncisal), que administra o hospital, já fez um concurso para a contratação de médicos. O problema é que não houve demanda de profissionais interessados no cargo. “Não estamos conseguindo adesão de médicos para a unidade. No concurso havia cinco vagas, mas apenas três profissionais se inscreveram. Destes, somente um era infectologista”, ressalta.
A situação fica mais complicada porque Alagoas possui apenas três unidades de saúde especializadas no atendimento aos pacientes com HIV. O Hélvio Auto é o responsável pela maior parte da demanda, chegando a 80% de todos os pacientes que precisam de atendimento no estado.
Sem conseguir atendimento no Hélvio Auto, os pacientes precisam procurar o PAM Salgadinho, que não tem internamento, e o Hospital Universitário (HU) que, segundo a assessoria de imprensa, só tem um médico infectologista . Nos dois casos, há demora na marcação e longas filas nos dias de consulta.
O coordenador do Grupo de Direito à Vida de Alagoas, Igor Nascimento, diz que em Alagoas existem 4.136 casos de HIV notificados. Para ele, a falta de médicos no Hospital Hélvio Auto para atender novos pacientes só aumenta os problemas enfrentados pelos soropositivos. "Infelizmente a questão da Aids é tratada apenas em campanhas pontuais. A rede de saúde para o tratamento é insuficiente. Essa situação não acontece somente em Alagoas, mas em vários estados", diz.
Nascimento afirma que, atualmente, para marcar uma consulta no Hospital Universitário o paciente precisa esperar de três a quatro meses. No PAM Salgadinho, onde a equipe médica foi ampliada, a situação é melhor, mas os pacientes também têm problemas. "Mesmo com uma equipe médica maior, o tempo de espera por uma consulta no PAM Salgadinho é de 15 a 30 dias", revelou.
Outro problema apontado por Nascimento é que no interior não existem hospitais para internação de pacientes. "Somente dois hospitais, um em Arapiraca e outro em Palmeira dos Índios, possuem Centro de Terapia Intensiva (CTI) que pode atender um caso de urgência. Mas para tratamento, os portadores têm que vir a Maceió", observa.
A Secretaria Estadual de Saúde de Alagoas (Sesau) informa que, assim que o atendimento a novos pacientes foi suspenso no Helvio Auto, o Estado e município implementaram os serviços oferecidos a pacientes com HIV no PAM Salgadinho. A assessoria diz ainda que somente a Uncisal pode revolver o problema da contratações de médicos para o hospital referência, mas que outras medidas estão sendo tomadas na rede pública para ampliar o atendimento.
Ideal seria o dobro profissionais
E não são apenas os pacientes com HIV que estão sendo prejudicados com a falta de médicos no Hospital Hélvio Auto. O problema atinge todas as áreas da unidade de saúde. De acordo com a diretora-geral, o ideal seria o dobro do número atual de profissionais.
“Estamos perdendo profissionais que se aposentam ou pedem afastamento por problemas de saúde e não são repostos. Isso também torna a situação dos médicos que trabalham no hospital complicada porque eles têm que acumular trabalhos. Quando alguém tira férias fica mais complicado ainda”, afirma Luciana.
FONTE: Globo.com
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